O berço da filosofia é negro. Platão em Fedro e Aristóteles em Política afirmam. Há um número considerável de citações q rejeitam a origem grega da filosofia.
“Everything I’ve lived, I am. I am not afraid of European influences. The point is to use them — as Ellington did — as part of my life as an American Negro. Some people say I’m atonal. It depends for one thing, on your definition of the term.… I have been atonal in live performances.… Basically it’s not important whether a certain chord happens to fit some student’s definition of atonality. A man like [Thelonious] Monk is concerned with growing and enriching his musical conception, and what he does comes as a living idea out of his life’s experience, not from a theory. It may or may not turn out to be atonal."
Grêmio Recreativo de Arte Negra
Escola de Samba Quilombo (Candeia)
“Estou chegando... Venho com fé. Respeito mitos e tradições. Trago um canto negro. Busco a liberdade. Não admito moldes. As forças contrárias são muitas. Não faz mal... Meus pés estão no chão. Tenho certeza da vitória. Minhas portas estão abertas. Entre com cuidado. Aqui, todos podem colaborar. Ninguém pode imperar. Teorias, deixo de lado. Dou vazão à riqueza de um mundo ideal. A sabedoria é meu sustentáculo. O amor é meu princípio. A imaginação é minha bandeira. Não sou radical. Pretendo, apenas, salvaguardar o que resta de uma cultura. Gritarei bem alto explicando um sistema que cala vozes importantes e permite que outras totalmente alheias falem quando bem entendem. Sou franco-atirador. Não almejo glórias. Faço questão de não virar academia. Tampouco palácio. Não atribua a meu nome o desgastado sufixo –ão. Nada de forjadas e malfeitas especulações literárias. Deixo os complexos temas à observação dos verdadeiros intelectuais. Eu sou povo. Basta de complicações. Extraio o belo das coisas simples que me seduzem. Quero sair pelas ruas dos subúrbios com minhas baianas rendadas sambando sem parar. Com minha comissão de frente digna de respeito. Intimamente ligado às minhas origens. Artistas plásticos, figurinistas, coreógrafos, departamentos culturais, profissionais: não me incomodem, por favor. Sintetizo um mundo mágico. Estou chegando...”
Manifesto Quilombo
“1. Desenvolver um centro de pesquisa de arte negra, enfatizando sua contribuição à formação da cultura brasileira.
2. Lutar pela preservação das tradições fundamentais sem as quais não se pode desenvolver qualquer atividade criativa popular.
3. Afastar elementos inescrupulosos que, em nome do desenvolvimento intelectual, apropriam-se de heranças alheias, deturpando a pura expressão das escolas de samba e as transformam em rentáveis peças folclóricas.
4. Atrair os verdadeiros representantes e estudiosos da cultura brasileira, destacando a importância do elemento negro no seu contexto.
5. Organizar uma escola de samba onde seus compositores, ainda não corrompidos ‘pela evolução’ imposta pelo sistema, possam cantar seus sambas, sem prévias imposições. Uma escola que sirva de teto a todos os sambistas, negros e brancos, irmanados em defesa do autêntico ritmo brasileiro”.
Antonio Risério: "Os argumentos contra o black-jovem não chegaram a ultrapassar, sequer milimetricamente, o limiar da mesmice esquizofrênica: tratava-se de uma alienação, da idolatria subserviente de formas musicais e comportamentos existenciais espúrios, da imitação terceiromundista
de realidades da juventude negra dos EUA, etc, etc."
'a verdade é que, com o movimento black-jovem, o preto brasileiro ficou, digamos assim, mais negro.'
"Pleno carnaval de 75, a Praça Castro Alves delirando, maravilhada. Guardo até uma cena na memória, e espero que ela não vá falhar agora. Me lembro que cheguei mais, pra perguntar que bloco era aquele. Um preto, cara fechada, me respondeu: é o Ilê Aiyê. E olha que nem precisava ter perguntado. Logo reparei na música que eles vinham cantando(...): 'que bloco é esse/ que eu quero saber, ê ê/ é o mundo negro/ que viemos mostrar pra você'. Eu sabia que a palavra 'ilê' cobria uma área semântica relativa a habitações, da casa ao templo. No ouvido, a frase 'emi omô nilê'... fiquei mais atento, e a estrofe seguinte da música era uma afirmação franca, diretíssima, da afro-blackitude: 'somo crioulo doido/ somo bem legal/ temo cabelo duro/ somo bleque pau'. Em seguida, vinha o desafio: 'branco se você soubesse/ o valor que preto tem/ tu tomava banho de piche/ ficava preto também'."
Paul Gilroy
"Examinar o lugar da música no mundo do Atlântico negro significa observar a autocompreensão articulada pelos músicos que a têm produzido, o uso simbólico que lhe é dado por outros artistas e escritores negros e as relações sociais que têm produzido e reproduzido a cultura expressiva única, na qual a música constitui um elemento central e mesmo fundamental. Desejo propor que o compartilhamento das formas culturais negras pós-escravidão seja abordado por meio de questões relacionadas que convergem na análise da música negra e das relações sociais que a sustentam"
The new hoo doo??
*** assistir as lutas de boxe de Muhammad Ali no youtube
*** assistir skills do Ronaldinho Gaúcho no youtube
*** ouvir Parker e Pixinguinha
Perfil de Deni Prata Jardim,
última sacerdotisa da
Casa das Minas em São Luís, MA
vós sois deuses
I
o pragmatismo nos anima: rivalizar aqui e agora com o neopentecostalismo e as leituras atuais do antigo testamento, as restrições morais impostas por uma interpretação supersticiosa do livro sagrado. disse jesus de nazaré: “antes q abraão fosse, eu sou”.
II
rivalizar com a chantagem do mal — “ele era homicida desde o princípio”.
III
as novelas da record não mentem — o rei david, os dez mandamentos, o templo de salomão, a barba e o quipá do bispo macedo indicam a importação gradual e programada deste deus da ira.
IV
negamos o deus da ira, abraçamos o deus de jesus de nazaré e de jorge ben: “deus é a vida, a luz e a verdade. deus é o amor, a confiança e a felicidade.”
V
o antigo testamento não nos serve hoje como inspiração suprema. não revela uma religião do amor, mas do ódio. é isto que queremos lhe dizer, irmão de cor. a escravidão persiste neste horizonte sombrio.
VI
(hey! pagão: olhe em torno e conte nos dedos seus amigos negros).
VII
o novo testamento destitui as leis do antigo testamento. a reversão é completa. no antigo testamento, deus não tem nome — daí a aniconia, a iconofobia. mas para jesus de nazaré, este materialista delirante, a reviravolta é ainda mais imprevista: "vós sois deuses”.
VIII
“a nova lei comparada à antiga”, é a lei do amor, da tolerância, da grandeza e da solidariedade individual e coletiva. “vós sois deuses” porque somos parte e todo da divindade. a conexão das mentes com a natureza inteira e não apenas com os sacerdotes milionários e os profetas do capital.
IX
o pragmatismo nos anima: no horizonte se vê o grande espectro da escravidão. hoje as irmãs negras e os irmãos negros estão na igreja. se ajudam uns aos outros. levam o irmão doente ao hospital, quebram a barra da irmã negra na feirinha. eles enxergam uma vida para além do crack. o poder da palavra penetra em suas condutas. retiram-se de uma vida de privações (ausência de perspectiva) para uma vida de restrições (perspectivas mediadas).
X
jesus disse: “eu não julgo a ninguém”.
XI
“por que pede esta geração um sinal?” porque ainda portamos as marcas da escravidão. trabalhar cansa.
XII
irmã e irmão negro que hoje professa a religião neopentecostal. diga não a este deus da crueldade e da intolerância cínica. abrace jesus de nazaré, o deus do amor, da tolerância, da concórdia. diga ao pastor, como disse jesus: “eu não sou deste mundo”.